Sou louco rasgado no tempo pela saudade de falar. Antes, de quem me ouça. Não há orelhas que aguentem, infelizmente. Daí que fale ao ar que não grita e à terra que não mexe. Coitados. Não têm como fugir.
Queixo-me de ninharias estúpidas na pele de quem se julga importante juiz da palavra. Que me acho digno de voz merecedora. Tenho muito que contar, e de muito valor. Não o julgo dos homens, obviamente. Virtude minha, unicamente minha. Cedo a dúvida às formosas apenas porque preciso de justificar a sua formosura. Calha que não as haverá indignas! Calha ingénuo. Se de mim projectam, de mim são reflexo. E nelas vejo nada mais que simples pleno erotismo. O resto é desculpa. Não há nada que lhes valha aquém do rio. É delas a travessia. Barqueiros assim. Quando as não vires chegar, não esperes. Barqueiro és.
Peço perdão. Não te pretendia ofender... Tanto. Por isso um beijo. E por detrás da mulher não vejo a cor. Não preciso. Há que ter fé! Mas minto... Outra desculpa. Quero saber! É no mistério que se reside o impulso. O que me rende inerte em atracção. E não é de amor. É de conforto e bem-estar e bom coito. E o resto é romance. Não que não sinta, mas não é relevante.
Fica agora pedir que poupes a vista da escrita cansada e te rendas ao calor que imaginarás. E do calor brota o conforto, e bem-estar. Da sua libertação, o sexo. Aos púdicos farto-me de desculpas e outros uis. Que se fodam, e que fodam com prazer.
Quando cá chegas, sentas-te ao lado e suspiras. Não falas por vários minutos. Sabes que não te quero nessa voz. Antes há que mudar, melhorar. Tirar prazer de cada som. So aí falas. E dizes: "Anda." E eu vou. Porque a palavra é tua na voz que era minha. Do tempo em que ninguém sabia falar e os pássaros eram dois. E um de verde e um de negro, e dois de branco eram meus lábios frios e expectantes. Ora, não caindo a chuva, não há razão para te escrever com saudade.
E no entanto.
domingo, 22 de janeiro de 2012
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