quarta-feira, 28 de abril de 2010

Teatro


Tenho em mim firme a noção de mentira. Tenho em mim forte o sentido de actor. A hipocrisia toca-me apenas no mais vil sentido. Tirem-me daqui a metafísica, não sou de Campos, nem de Caeiro. Meu é o sentido lato das coisas. O nascente e o poente.

Cansado de saber o passado, ou de o tentar adivinhar.
Que fácil é viver a vida sem coisas para ponderar!
Ah! Era quem me desse um bocado de pão e um balde fundo onde o cagar.
Era isso e um cobertor. Estava dita a minha vida antes de sequer a começar.
Sei que isto de saltar no tempo é tudo muito bonito, até alguém perceber as coisas que se passam… e as que se hão-de passar.
Basta um rato mais burro, ou um burro mais rato, para fazer um altar.
E depois vem Deus dizer que não se pode imaginar.
Bem vistas as coisas, há apenas que pensar, e decidir o que vale a pena guardar.
A seguir é fácil: manda-se todos matar.

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