terça-feira, 26 de outubro de 2010

Café da manhã

Tomar a decisão. Um ou o outro. Dual, não-dual. Agir, pensar... inverter. Pensa, age. Logo, agora. Ter, haver, ser, pertencer. Enumerar sem razão. Continuar. Um, dois, cinco, dias, meses, hoje, não, hoje mesmo, mas quando, agora, agora, mais tarde.

Fazer o que há para fazer. Paranóia, obsessão, compulsão, sair, ficar, correr. O rio é que corre. Não. O rio está parado. Quando? Agora. Agora não. Quando? Mais tarde.

Tomar a decisão, um ou o outro. Dual, não-dual. Azul, roxo, um nó, não tem, hoje, quando, agora, mais tarde.
Loucura, demência. Não tenho, hoje.

A caneta fala sozinha. Pinta a folha como mármore. A textura dos meus olhos na letra vazia. Não sei do que falo. É irrelevante. Interessa que fale, não pelo assunto, pelo som. Sentir importa, não o sentido.

Vira-se a folha com ternura... toque de carinho. Não sei do que falo. É irrelevante.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Noite Negra

São cerca de 100 metros vazios. Um corredor em palha, quatro portas de feno, e dois cavalos que nos devoram. É esse o sentido da vida.
Não percebeste? Lê outra vez. Fecha os olhos. Avança pelo corredor e escolhe uma porta. Monta um cavalo e pergunta-lhe as horas.
Irrelevante. O sol desce e o sol sobe. Irrelevante. Os verdilhões piam suaves, não há quem os ouça. É irrelevante perceber pelo prazer de conhecer. Se há prazer, que o haja. A compreensão mutila a percepção. Se ouves, ouve! Se vês, vê! Usa os sentidos sem lhes dares sentido algum. Se é belo, que o seja. Esmiuçar é já demais.

São 100 metros vazios e um caminho de palha, Queres saber mais? Tenho-te apenas conselhos. Gostava de largar alguns saberes que me pesam a cruz.
Esta tinta é cansada, o papel mortiço. Escrevo por linhas tortas por falta de clareza, demasiado pensar.

Manteiga na tosta, pitada de sal. Esse, que são lágrimas de Portugal.
Prazeres da vida que nada dizem, nada fazem. Desfrutá-los, apreciá-los. Tudo o resto se resume a isso, resto.
Menina morena era fictícia. Miguel Reis sabia demais. Não há quem, entre gente madura, nos levante do chão.
Mas isso, meus amigos, são coisas mundanas e frugais. Homens percorrendo o caminho do pão.