O cabelo castanho passa-lhe pouco mais que os ombros. Liso e de corte certo, cativa sem inebriar. O corpo magro e elegante, pernas finas, calçado corriqueiro. Uma camisola azul, sem decote, lhe cobre tronco e braços. As gangas justas e agradáveis. Não vejo carne senão a das mãos e pescoço. E alas! Que vejo a cara sem forçar os olhos. Sabe bem apreciar sem a preocupação de controlar a mente e dominar a vista. Não se veste de setas nem se prende no sensual. O que nela sobressai, naturalmente o faz. E estranhamente, nem é o peito que me vejo fitando, mais que os dedos: longos e finos. Quase os penso doces percorrendo o meu corpo tal aranha amável.
Notou-me. Sorriu. Vi-lhe os olhos, do mesmo castanho que lhe tomba dos ombros. Falou à amiga. A voz é quente, a boca pequena e ténue. Não notei pinturas. A pele, pálida, sussura suavidade. E toda a doçura que nela encontro me lembra inocência.
Teve frio, vestiu fino couro. Cai-lhe bem a delicadeza.
Levanta-se enfim. Guarda os livros, um a um, o estojo e a carteira. Os cadernos debaixo do braço. Volta-se e sorri de novo.
Sem comentários:
Enviar um comentário