quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Cadernos de Capa Preta
E a carne! Ah... a tenra carne! E o sangue! E quanto me custa resistir... e quanto te desejo consumir! Minha pele na tua pele, minha boca no teu pescoço, e um momento apenas... um breve, doce momento de ternura... E tudo pára por um momento... Por um momento, nada é... nada... porque, por um momento, nós... nós!... somos tudo... e nada mais. Por um momento, um instante no tempo.
Passo a língua húmida pela ferida... quase a medo... sem saber o que fazer... como o fazer...
Teu sangue sabe bem... sabe a qualquer novidade que não consigo explicar. Sabe a ti...
E um momento passa... e outro... e outro... e mais... e uma lágrima vermelha escorre pelo teu peito nu... E mais não resisto!
Perco-me no desejo, na sofreguidão, no beber e no prazer e no te ter, Perco-me na volúpia! Na nojice! No amor! Perco-me em ti, e deixo que o instinto se apodere de mim e ao desejo dou o meu corpo. Minha boca já perdeu a ternura e todo o carinho. Sem hesitação me enterro na carne, na adoração, como ritual imundo aos deuses pagãos. E o desejo transforma-se em posse, e a posse em luxo, e o luxo em coito.
Meu amor... Que não tenho já meios para descrever a sensualidade... a pura sexualidade do meu amor por ti... Não sei já quantos toques, quantas carícias, quantos beijos... Mas isto!... Não... não esqueço...
As águas que me cobrem, o suor, a saliva, o sangue... não os distingo, os meus dos teus... São nossos.
Meu doce amor... meu agora e sempre... que desejo tão profundamente... tão puramente carnal. Meu corpo, teu corpo... nossa carne.
Êxtase por um erotismo só nosso.
Que se foda o pudor: louve-se o sexo!
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