segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Não te invejo, tenho-te dó.


Quarto escuro e sombrio, que no amor de quem desgosta, me deixas só e deslocado.
É o não ter a mão, a boca, que me desfaço em tinta. É no pensar demasiado que me, recatado, olho e divago. No entanto, e não culpando ninguém que não eu próprio, é em ti que escrevo.
De não entender ou de todo o querer entender, me faço mouco e cego. Não vivendo, não pecando. Digo isto porque estranho a falta daquilo que mais inerente é à condição. Se amados se dizem, por donde os carinhos, por donde os beijos e abraços, a ternura de amar? Cuidados de casa? Tomam porventura que, sabendo eles da imprópria condição que dizem estabelecer, não cuidem ou maldigam? De facto, de louvar não é. mas não penso haver razão para tanto. Assim como se apresentam, de amados têm apenas a palavra. Nada mais.

Parece jogo de crianças. Que parvoíce! De ter o que se deseja e não o demonstrar. Por pena ou por timidez ou a merda que for. Gozam, troçam de mim no meu egocêntrico sozinho lugar. Que mo atiram na cara, as semânticas e as palavras, sem que me deixar ver um só fruto do que dizem ter. Nem peço um beijo, ou sequer um olhar cúmplice. Apenas um toque! Uma carícia despercebida! Um carinho que fosse! Nada...

Mas que raça de amados é esta que não se toca?

E a indiferença! O completo desprezo à saída! Vai um e leva seca despedida, que nem se olham: sai convidado levado a achar a porta por seu mérito, que anfitriã da poltrona não se levanta.

Sem comentários: